Rei: Decio Tomázia Santos
Rainha:Tomázia dos Santos
FESTA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
Novembro de 2009


A festa do Rosário de Nossa Senhora está ligada a grupos negros que realizam os autos populares conhecidos pelos nomes de Congada, Congado ou Congos. Por essa vinculação aos negros, o Congado se tornou também uma festa de santos de cor.
Quando Burmeister, viajante bávaro, esteve em Lagoa Santa, no ano de 1850, deixou uma raríssima e única descrição pormenorizada sobre os festejos de N. Sra. do Rosário. Segundo ele, “os grandes festejos iniciavam-se a 8 de junho em Lagoa Santa”.
Entretanto, foi no último dia 15 de novembro, que ocorreram os festejos na capela de Nossa Sra. do Rosário no centro de Lagoa Santa. Os reis do ano de 2009 foram: a Sra. Maria Tomázia dos Santos e o seu filho Décio Tomaz dos Santos.
Não só a data original foi modificada com o passar dos séculos, mas, outros aspectos também, como conta Burmeister: “os escravos escolhem entre si um “rei” e uma “rainha” sempre escravos legítimos e não pretos livres.” Hoje não temos mais oficialmente escravos, e, o “rei” deste ano tinha a pele alva...
A Igrejinha estava festivamente enfeitada, entretanto, infelizmente o no seu interior percebe-se muitos estragos. Os seus 155 anos já não suporta tantas agressões humanas e naturais (tempestades, cupins, etc).
A Legislação diz que no entorno de 300 m de um Monumento tombado não se pode modificar e nem haver atividades que coloquem em risco o tal Monumento. Entretanto, a velha capela, com o aval da Prefeitura suporta o trânsito pesado dos lotações diariamente, além de caminhões e carros, tendo em vista a obrigatoriedade do percurso para quem vai para o Centro.
Nossa Sra. do Rosário recebeu a visita de várias Guardas: Guarda do Congo de N. Sra. do Rosário, o Candombe e a Guarda do Moçambique N. Sra. de Santana, os três de Lagoa Santa; as Guardas de Vespasiano: Guarda de Moçambique de N. Sra. de Aparecida e a Guarda do Congo Marinheiro São Jorge; de Contagem a Guarda de Moçambique São Benedito.
Os congadeiros não sucumbiram ao sol de 37º. Tocaram e cantaram com muita energia, alegria e devoção. Encheram de colorido as ruas, os jardins e a própria capelinha.
Foi uma festa linda, que se repete há 200 anos... entretanto, tal festejo tão maravilhoso, tão exemplar de fé e devoção passou em brancas nuvens para a cidadão lagoassantense. “Um ‘espetáculo”, como Gersino definiu para os expectadores, mas para os devotos ali presentes, uma renovação de fé e confiança.
Durante as manifestações dos congadeiros na Igreja aconteceu um episódio chamado “pagamento de promessa”.
Um acontecimento tão lindo e secular não contou com a divulgação que mereceria ter por parte da Secretaria de Cultura, para que o cidadão nativo, o novo morador, viesse conhecer e participar. Não teve nem um Jornal para registrar o evento.
Ao final, um almoço delicioso foi servido com muita fartura, além de doces de pau de mamão, de mamão verde e de batata doce.
Parabéns aos festeiros e toda a comunidade. Que N. Sra. do Rosário ilumine a todos que lutam pela preservação desta tradição herdada dos antepassados das senzalas de Lagoa Santa, que, encontrem forças, mais apoio e reconhecimento das autoridades para que tenham condições de continuar!
Foi um prazer e uma lição de vida acompanhar o festejo, uma deliciosa viagem ao passado.
Inesquecível o olhar bondoso, sereno e emocionado da linda rainha Sra. Mª Tomázia; o porte altivo e digno do rei, o jovem Décio. O orgulho, a alegria, a fé estampada em cada olhar dos congadeiros. O vigor com que cantavam e tocavam...
Todo brilhantismo da festa conta com “atores” conhecidos como D. Lôra e Nair da Lapinha; D. Antera e sua filha Rosimary; Fogão, Vavá (Matozinhos). Mas, há pessoas maravilhosas que fazem parte das festividades como o Sr. Didi e o Sr. José Custódio da Guarda do Congo; o Sr. Geraldo Matoso, da Folia de Reis... todos os ícones que mereceriam mais respeito e apoio das autoridades – e do povo de Lagoa Santa!
Segue alguns trechos escritos por Burmaister:
“O povo nomeia então o “casal real” e os “ministros”, os “príncipes” e as “princesas reais”, do novo “rei”. Cada um desses “dignitários” se enfeita da melhor maneira possível, usando velhas fardas e mantas, calçados de seda (...) dando-se grande valor aos enfeites legítimos e aos diamantes.”
“Na casa de Dr. Lund, vi a filha do seu mordomo ostentando no pescoço e nos braços, correntes de ouro de considerável valor e também brincos (...)”
“Acompanhado por toda a “Corte”, o “Rei” desfila pela localidade, em solene e alegre procissão, ao som de uma banda de música, com estandartes e cantores, e dirige-se até a Igreja, onde recebe as bênçãos do padre.”
“O cortejo continua depois terminando tudo num lauto banquete. O patrão da “Rainha” costuma pagar as despesas do festim (...)”
“A festa continua noite adentro com danças e novos desfiles à luz de archotes (...) até a fadiga e o sono vençam os participantes (...)”
“(...) os espectadores não faltam: brancos, mulatos, pretos ouvem, durante dias, o cantarolar monótono de centenas de vozes.”
“A festa de N. Sra. do Rosário é a maior do ano na vida do pobre escravo.”
fonte: fotos e texto de Erika Suzanna Bányai - produção da www.lagoasanta.com.br
Encontros de varias guardas:
Guarda do Congo de N. Sra. do Rosário, o Candombe e a Guarda do Moçambique N. Sra. de Santana, os três de Lagoa Santa; as Guardas de Vespasiano: Guarda de Moçambique de N. Sra. de Aparecida e a Guarda do Congo Marinheiro São Jorge; de Contagem a Guarda de Moçambique São Benedito.
O Rei Decio e Rainha Tomázia dos Santos recebem comprimentos dos Mordomos,Sr. Expedito e Dona Eurita
Guarda do Congo de Nossa Sra. do Rosário de L. Santa
Chegada do Rei e Rainha na Capela do Rosário
Tradicional grupo de Candombe de lagoa santa, alegrando a festa com seus cantos e batidas de tambores
Guarda do Congo Marinheiro São Jorge de Contagem Guarda do Congo Marinheiro São Jorge de Vespasiano
Desfiles pela rua Mar. Deodoro a caminho do almoço O som dos tambores faz os congadeiros dançar e cantar
Bandeiras das entidades sobre o altar na Capela Guarda de Moçambique São Benedito - Vespasiano
A festa do Divino realizada no meses de junho, é escolhido anualmente o Imperador e Imperatriz, acredita-se que tal escolha seja inspirada pelo próprio Espirito Santo,tem os mesmos princípios básicos da festa de Nossa Senhora do Rosário que é mais popular.
- Histórico da Festa -imagens de 2003 - Final feliz para a Festa do Divino de 2004

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