A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a fábrica de semicondutores será instalada na Zona Franca de Manaus irritou os prefeitos dos municípios mineiros que sonham em atrair o investimento.
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O presidente da WS Consult e ex-presidente da Volkswagen do Brasil, Wolfgang Sauer, disse nesta semana que está "praticamente pronto" o projeto de implantação de uma fábrica de chips no Brasil.
A idéia, segundo o consultor, é de construir a fábrica no município de Lagoa Santa, em Minas Gerais. Sauer esteve nesta sexta no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, onde foi recebido pelo ministro Luiz Furlan, com quem conversou também sobre o projeto de se instalar um centro tecnológico de semicondutores nas proximidades da futura fábrica.
02/09/06
"A fábrica de semicondutores em Lagoa Santa deve empregar 400 a 500 pessoas, conforme prevê o nosso projeto"
ENTREVISTA
Minas pronta para salto tecnológico
Wilson Brumer
“Ninguém virá para o Brasil se não formos competitivos lá fora”
 

Minas Gerais está pronta para receber um parque de eletroeletrônica para fabricação de semicondutores, cujas importações brasileiras somam nada menos que US$ 3 bilhões. A disputa ganhou força com a implantação da TV digital no Brasil, no ano que vem. Para receber o novo sinal, todo o sistema analógico terá ser adaptado, e é aí que entram os semicondutores. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico do estado, Wilson Brumer, sua pasta já tem estudos para dar suporte aos planos de construção de uma indústria, incluindo a avaliação do local e das condições de logística para despacho das mercadorias. “Assim que sair a medida provisória (que define os benefícios fiscais), teremos algo mais adiantado para oferecer aos investidores”, disse. O governo mineiro reservou um terreno de mais de 1 milhão de metros quadrados na região de Lagoa Santa, próximo ao aeroporto de Confins, na Grande Belo Horizonte, para investimento na instalação da fábrica, estimada em US$ 500 milhões. O montante já está sendo negociado no Banco Nacional de Desenvolvimento e Social (BNDES).

Minas terá boas condições de competir com outros estados se for editada uma medida provisória (MP) com benefícios fiscais para instalação de uma fábrica de semicondutores no país?

Temos muita competitividade. Temos condição de produzir esses equipamentos tanto no arranjo produtivo local de eletroeletrônica em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, como no parque tecnológico que será construído na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em ambas as áreas, há muitas empresas preparadas para isso. Lá em Santa Rita, o arranjo produtivo local já desenvolveu o conversor para o sistema digital japonês e agora está adaptando à tecnologia no Brasil. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, tem defendido que sejam feitas duas medidas provisória separadas, pois estava havendo muita confusão. Uma coisa é o set top box, que é o conversor da TV digital. Nesse caso, para que haja incentivo, o equipamento teria que ser considerado um bem de informática na legislação brasileira. Outra coisa são os semicondutores.

Como o governo do estado entende que deve ser essa MP?

Temos interesse de que não seja privilégio só de Manaus. A TV digital propriamente dita, tudo bem, pois praticamente todas os televisores do país são fabricados lá. Já produzem TVs de plasma e é importante que seja lá, pois têm toda a estrutura preparada. Mas os conversores não devem ter essa exclusividade, pois várias regiões do país, a exemplo de Minas, têm condição de produzi-lo. Mas ninguém virá se instalar no Brasil se não formos competitivos internacionalmente. Daí, a importância dessa medida provisória, para adequar a legislação tributária e fiscal brasileira ao que existe no mundo inteiro. É o que o governo federal vem analisando. E, pelas últimas informações, acreditamos que deve sair em setembro.

Por que o governo decidiu investir em semicondutores?

A filosofia do estado sempre foi agregar valor à economia mineira. O Brasil é hoje um grande importador de semicondutores. São US$ 3 bilhões por ano, sem falar dos outros componentes. Além de importar, o Brasil poderia exportar. A grande vantagem de se ter um pólo de microeletrônica é produzir bens de alto valor agregado. Só na fábrica, que pode ficar pronta em dois anos, devem trabalhar de 400 a 500 pessoas. O nome sugerido é Companhia Brasileira de Semicondutores. O objetivo da produção será atender o mercado interno e externo.

Qual o motivo da escolha da região de Lagoa Santa para abrigar o parque tecnológico?

Para a construção de um parque industrial, é fundamental uma logística adequada, pois é preciso velocidade para o transporte e distribuição dos produtos tanto para o mercado interno como para exportação. Por isso, fizemos a mudança dos vôos para Confins, para o escoamento rápido da produção, e optamos pela região de Lagoa Santa, mas ainda estamos escolhendo o terreno. Em segundo lugar, é fundamental que tenha um centro de universidades e empresas com alto grau de conhecimento nas proximidades. Minas tem mais essa vantagem. Além disso, já acertamos com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) um curso de pós-graduação específico para microeletrônica com recursos da Fundação do Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e depois vamos mandar essas pessoas para treinamento no exterior.

O que está sendo preparado para o parque tecnológico da Grande BH?

Vamos preparar o local com gás, energia elétrica e água, que são três coisas fundamentais e não é uma infra-estrutura básica. Uma indústria desse nível precisa de duas fontes alternativas à energia elétrica, pois a produção não pode parar. A água não terá um sistema convencional: haverá vários sistemas para saída, entrada e circulação. Já estamos com tudo isso preparado.

Já há previsão de número de empregos e faturamento do parque industrial?

A essa altura do projeto, qualquer número que eu falasse não seria real. Não tem previsão de faturamento nem de empregos gerados na região, mas, com certeza, o benefício para a população e para o estado será enorme. Esse é um projeto estratégico para o Brasil e para Minas.
fonte: jornal Estado de Minas de 27/08/2006
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