Ana
Paula Almeida Marchesotti é historiadora e, acima de tudo,
uma apaixonada por Lagoa Santa. Seu contato com a cidade e sua história
começou na infância, quando seu avô paterno _ o saudoso
pianista Arnaldo Marchesotti _ mudou-se para Lagoa Santa. Anos mais tarde,
ela também escolheu essa cidade para viver e pesquisar.
A historiadora defendeu recentemente uma dissertação de mestrado
na UFMG na qual demonstrou seu grande interesse e conhecimentos acerca da
história de Lagoa Santa e de seu personagem mais ilustre: Peter W.
Lund. O título da dissertação é “Peter
W. Lund (1801/1880): o naturalista, sua rede de relações e
sua obra, no seu tempo”. Para escrevê-la pesquisou importantes
fontes documentais da Dinamarca, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Lagoa
Santa. Certamente, Ana Paula Almeida Marchesotti tem muito a contribuir
no conhecimento e divulgação de nossa História.
Ana Paula
Almeida Marchesotti
Mestre em História pela UFMG.
anamar@lagoaminas.com.br |
CONVITE À NOSSA HISTÓRIA
Ao caminharmos por Lagoa Santa, raramente nos deparamos
com as marcas de seu passado. A antiga Igreja Matriz foi demolida, assim
como as inúmeras casas ao seu redor que nos lembravam que somos
seres dotados de cultura e história. (Ah... Quando me lembro do
casarão da rua Conde Dolabela 100, recém-demolido... Até
onde vão a ignorância e ambição humana?).
Diante da falta de memória arquitetônica de Lagoa Santa,
precisamos lutar para não perdermos nossas raízes históricas.
Afinal, como já dizia Cícero um século antes de Cristo,
“Ignorar o que aconteceu antes de termos nascido equivale a ser
sempre criança”.
Convido-os a mergulhar no passado, lembrando que o passado não
é o que ficou para trás e sim aquilo que ajudou a constituir
o presente e fará parte do futuro.
Como as coisas boas da vida devem ser saboreadas com calma, estarei inserindo
periodicamente artigos sobre nossa história neste espaço
e conto com as sugestões e contribuições de vocês.
COMO
SURGIU LAGOA SANTA?
Os antecedentes:
A cidade
de Lagoa Santa pertence à Grande BH e está localizada a
37 km da capital mineira. Conta atualmente com cerca de 45 mil habitantes
e recebe semanalmente inúmeros turistas. Porém, nem sempre
foi assim...
A história de Lagoa Santa vem de muitos anos atrás e tem
suas raízes nas Bandeiras paulistas que percorreram o desconhecido
interior do Brasil. As Bandeiras eram expedições formadas
por aventureiros dos Campos de Piratininga (atual cidade de São
Paulo), padres e índios que gozavam de autorização
legal e agiam em nome do rei. Sua missão era aprisionar índios
para servirem de mão-de-obra escrava aos colonizadores e explorar
o território em busca de minas de metais preciosos.
Quando por aqui chegaram os primeiros bandeirantes, a região de
Lagoa Santa era completamente desconhecida dos colonizadores portugueses
e era habitada por populações indígenas desde seus
ancestrais mais remotos.
A Bandeira de Fernão Dias Pais chegou a Minas Gerais em 1674 em
busca da terra das esmeraldas e do famoso Sabarabussu, região que
segundo lendas indígenas era repleta de metais preciosos. Fernão
Dias encontrou a região das minas, mas as riquezas só seriam
descobertas alguns anos após sua morte, no Sumidouro, em 1681.
Homens que faziam parte da Bandeira de Fernão Dias continuaram
a exploração da região, sobretudo seu filho, Garcia
Rodrigues Pais, e seu genro, Manuel de Borba Gato.
Borba Gato foi o primeiro a encontrar ouro no leito do Rio das Velhas
e está diretamente ligado à formação das cidades
de Sabará e Santa Luzia. Grandes levas de forasteiros vieram para
essa região das Minas em busca do enriquecimento rápido
advindo da mineração. Lagoa Santa - ou melhor, o cenário
que mais tarde viria a se tornar essa cidade – provavelmente fez
parte do percurso de muitos desses aventureiros.
Foi, no entanto, com Felipe Rodrigues que a história de Lagoa Santa
geralmente começa a ser contada. Na verdade essa história
começou com os homens primitivos, muitos séculos antes...
Peter W. Lund - o mais ilustre morador de Lagoa Santa - foi o primeiro
a resgatar essa antiga história. Mas esse episódio será
contado posteriormente. Por enquanto vamos nos ater à formação
do Arraial de Lagoa Santa.
Felipe Rodrigues viu-se atraído pela região pelos lucros
do comércio com os centros mineradores e com a exploração
aurífera. Acabou por fixar-se nos arredores da Lagoa Grande que
- devido à crença nos poderes curativos de suas águas
- passou a se chamar Lagoa Santa.
Isso se deu aproximadamente em 1713. Felipe Rodrigues tomou posse das
terras e estabeleceu uma fazenda de engenho, iniciando assim o Arraial
que deu origem à cidade. Como vemos, Lagoa Santa nasceu no bojo
do movimento de conquista do interior brasileiro e da busca incessante
dos metais preciosos. Porém, foram suas águas consideradas
milagrosas que a fizeram atrair inúmeros visitantes e moradores,
além de tornar-se seu primeiro produto de exportação.
Isso mesmo!!! Lagoa Santa já exportou as águas da lagoa,
pois se acreditava que eram curativas. Mas essa é uma outra história...
Mantenham-se conectados e até a próxima história.
PRÓXIMOS
TEMAS:
• A
lenda do poder curativo da lagoa.
• O
morador mais ilustre de Lagoa Santa: Peter Wilhelm Lund. (Algumas subdivisões.)
• Os
diversos viajantes estrangeiros que estiveram em Lagoa Santa no século
XIX.
• Nosso
primeiro Jornal: Jornal Lagoa Santa.
• A
visita de D. Pedro II à Lagoa Santa em 1801.
• Eugen
Warming: o pai da fitoecologia mundial viveu em Lagoa Santa.
• A
história primitiva de lagoa Santa guardada em suas grutas.
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