Leda Selmi Dei Gontijo

 Nasceu em Juiz de Fora, MG, 1915. Pintora, escultora, designer e ceramista. Professora de cerâmica e escultura no seu próprio ateliê, em Lagoa Santa, MG. Premiada com a Medalha Machado de Assis, outorgada pela Academia Brasileira de Letras (ABL), pelos trabalhos São Tomás de Aquino e Santo Agostinho (1964). Participou das seguintes coletivas: Artistas Mineiros, MAP, BH (1960); XXIV Exposição Internacional de Cerâmica, Faenza, Itália (1966); I Exposição de Cerâmica, Santarém, Portugal (1966); 6 Expressões de Arte Mineira, Galeria Guignard, BH (1982); Guignard e Seus Alunos, Betim, MG (1990); Consolidação da Modernidade em Belo Horizonte, MAP (1996). Fez as seguintes individuais: Galeria do ICBEU, BH (1956-58); Automóvel Clube de Minas Gerais, BH (1958); Reitoria da UFMG, BH (1960); Galeria Santa Rosa, RJ (1963); Iate Tênis Clube, RJ (1970); Sociedade Cultural e Artística Brasileira, RJ (1970); Galeria Minart, BH (1973); Palácio das Artes, BH (1980); Galeria Cacuá, RJ (1982); Galeira La Bitta Central D'Arte, Roma (1989); Centro Cultural Casarão, Sindicato dos Artistas Plásticos de Minas Gerais, BH (1991); MTC II, BH (1995). Tem obras no Museu de Hamburgo, Alemanha; ABL, RJ; MAP, Centro Cultural UFMG e Praça Raul Soares, BH; Prefeitura de Guarapari, ES.
 

Mulher de barro, madeira e fibra

 

Aos 87 anos, Lêda Selmi Dei Gontijo, é uma lição de força e capacidade para todas as idades. Artista plástica de renome no Brasil e no mundo, Dona Lêda, vive em Lagoa Santa há 19 anos. Pela cidade é autora de realizações como a reforma da Igreja Nossa Senhora do Rosário. A idéia da restauração foi sua, pediu a prefeitura apenas um pedreiro e um servente. Para conseguir os recursos, Dona Lêda saiu de porta em porta pedindo contribuições. E assim em 11 meses entregou a igrejinha que hoje é cartão postal da cidade.

Viúva há um mês, depois de um casamento de 65 anos, com o mesmo marido, como ela gosta de lembrar, Lêda Gontijo além de incrível artista plástica é mãe, avó e bisavó. Nascida em Juiz de Fora, filha de um italiano com uma carioca, começou a fazer suas esculturas com miolo de pão, aos três anos de idade, confeccionando os próprios brinquedos. Sua formação foi em prendas domésticas, no colégio Santa Maria em Belo Horizonte. Em 1944 entrou na escola de Belas Artes do Parque Municipal, atual escola Guignard. Ficou dois anos lá, pois desenvolveu grande amizade com o mestre Guignard, o qual via em Lêda uma revelação. A intenção era fazer aulas de esculturas, mas não havia professor. "Sou autodidata", diz.

Antes de sua primeira exposição individual, em 1956, no Centro Brasileiro de Cultura Inglesa, Lêda já lecionava cerâmica em seu ateliê. Atividade que faz até hoje, em seu ateliê em Lagoa Santa, na rua Julieta Alvarenga, 440. "Hoje tenho professora de artes formadas que me chamam de professora", orgulha-se.  São pelo menos 46 anos como artista plástica profissional, como Lêgo. Nesses anos trabalhou com cerâmica, madeira, barro, metal, concreto, fibra de vidro e mesmo sendo principalmente escultora, Lêgo também tem dotes de pintora, herdados da mãe. Se arte for genética, além da mãe pintora, Lêda possui um tio-avô italiano, que depois de considerado morto pela família por 30 anos, foi encontrado em Cuba, sendo autor de diversas esculturas de praças públicas do país. Além de Lêda Gontijo ser tia e amiga de Ziraldo.

Essa bem humorada senhora de cabelos brancos e olhar vivo foi a primeira mulher a ganhar a medalha Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, em 1964. É ela também a autora da primeira obra de ceramista brasileiro na Alemanha. As exposições são quase que incontáveis, por diferentes museus mundiais. Atualmente Lêda está organizando suas obras para um convite muito especial. O Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, estará realizando, no ano que vem, uma exposição com obras de toda a sua vida, em diferentes materiais e em diferentes fases de criação.

Como se não bastasse a contribuição artística de Dona Lêda para Lagoa Santa, ela é também a supervisora dos voluntários da Santa Casa de Misericórida da cidade. Sendo a criadora desse grupo, que atualmente possui 90 senhoras, que produzem enxovais para os recém-nascidos e também cuidam de uma farmácia para doações. Toda essa energia é facilmente explicada pelos seus valores. "Não admito pessoa parada. A coisa mais fantástica que tem no mundo é o trabalho", ensina quem nunca teve medo de por a mão na massa.

fonte: Jornal  O Correio de Lagoa Santa - n° 22 - dez/2002