Gruta da Lapinha recupera o seu brilho ![]() Por fora, um lugar agradável e pitoresco com quiosque e muito verde em volta. Por dentro, um lugar cuidadosamente esculpido pela natureza e de uma beleza extraordinária. A gruta, que tem 511 metros de extensão e 40 metros de profundidade, tem 15 salões abertos à visitação. Cada um recebe um nome de acordo com o aspecto das formações rochosas. As estalactites e estalagmites - sólidos minerais que se formam no teto e chão, respectivamente, resultante de água e calcário, constituem desenhos nas rochas de dar inveja a qualquer escultor talentoso. ![]() Outro destaque é o Salão dos Índios. Nele, as rochas formam o desenho de faces que se assemelham a de índios. “O vento ajudou a esculpir os rostos", ressaltou a gerente da Secretaria de Turismo de Lagoa Santa, Flávia Viana. Ela, que já atuou como guia da gruta, acompanha todos os trabalhos relacionados à Lapinha e vibra com a reabertura do local ao público. ![]() Um passeio bem perto de BH ![]() ![]() “Dentro da gruta não foram encontrados fósseis mas na sua área de abrangência foi descoberto o primeiro fóssil humano que viveu na região há 12 mil anos e depois outros da mesma época. É importante destacar ainda que a Lapinha, que tem mais de 700 metros de extensão (511 metros abertos à visitação) mantém fauna característica, como morcegos e insetos", disse a arqueóloga. O turista deve ter consciência e não tocar nas formações rochosas da caverna. Delicadas, as estalactites e estalagmites demoram milhares de anos para atingir um tamanho razoável. Para entrar, o visitante deve pagar R$ 5,00 sendo monitorado por guias locais. Em janeiro, a visita na Lapinha foi limitada porque fios de cobre começaram a ser furtados impedindo a entrada em alguns dos 14 salões. Durante o período do carnaval, a gruta foi fechada pois toda a fiação subterrânea foi roubada. “Os bandidos entraram por uma fenda da gruta e chegaram a depredar uma das formações", disse Flávia Viana da Secretaria Municipal de Turismo. De acordo com o delegado Marco Antônio de Paula Assis, no final da semana passada três suspeitos foram presos. O local foi reaberto à visitação no último sábado. Para oficializar a reabertura da gruta, uma festa está sendo programada para o próximo final de semana. “Na área de lazer, do lado de fora da gruta, vai ter dança folclórica, exposição de artesanatos e outras atividades. A entrada será liberada para a visitação", adiantou Flávia Viana. Outras Grutas: De acordo com a Secretaria de Turismo de Minas Gerais, mais de 500 cavernas já foram catalogadas no Estado. Além da Gruta da Lapinha, formada pela ação das águas sobre rocha calcária, outras duas são bastante conhecidas e visitadas: Maquiné (localizada em Cordisburgo) e Rei do Mato (localizada em Sete Lagoas). A de Maquiné, a 130 quilômetros de Belo Horizonte, tem 650 metros de extensão sendo 440 metros abertos a público. A Gruta Rei do Mato, distante 62 quilômetros da capital, tem 998 metros de extensão sendo 220 abertos a visitação. É considerada por cientistas, como 'uma gruta viva' por ainda estar em formação pelas águas e calcário. Quem foi Peter Lund O desbravador de cavernas Editoria de Pesquisa e Texto Uma visita à Lapinha é também um passeio pela história de um dinamarquês que é conhecido como o pai da paleontologia no Brasil. Nascido em Copenhagen, capital da Dinamarca, Peter Wilhelm Lund (1801-1880) mudou-se para o país fugindo do clima nórdico, temeroso da tuberculose que vitimara dois irmãos. Fixou residência em Lagoa Santa. Nas cavernas da região - e aí incluindo a Lapinha -, descobriu mais de 12 mil peças fósseis que permitiram escrever a história do período pleistoceno brasileiro - o mais recente na escala geológica - numa época em que o passado paleontológico era quase desconhecido pela ciência. ![]() O paleontólogo também é reconhecido como pai da arqueologia e da espeleologia, pioneirismo extensivo às três Américas. Foi o primeiro a assinalar a presença de sambaquis - depósitos de conchas e esqueletos amontoados por tribos selvagens - e inscrições rupestres, além de descrever instrumentos de pedra encontrados. Ele foi ainda o primeiro a localizar e entrar em algumas das mais de 800 cavernas que explorou. Cavalos, diversos carnívoros como o tigre-dentes-de-sabre e o cachorro das cavernas, preguiças, capivaras e o tatu gigantes são apenas algumas das espécies que tiveram fósseis descobertos pela primeira vez por Lund. Ainda hoje, Lund é a principal referência para estudiosos da paleontologia de mamíferos no Brasil. fonte: Jornal Hoje em Dia - edição de 07/abril/03 Repórter: Jaqueline da Mata ![]() Imagens: www.lagoasanta.com.br |