Enquanto isso, na última reunião da Câmara Municipal, revoltado com a atuação dos políticos da cidade, o vice presidente da Associação Comunitária do Lundcéia Wanderson Lanna, foi enfático:

“Não sou partidário de ninguém, sou cidadão de Lagoa Santa e quero o bem para a cidade em que moro e nasci. Estou indignado com a situação que anda a prefeitura com o abuso de poder de alguns chefes. Será que o prefeito tem conhecimento do que está acontecendo ?”, desabafa Wanderson. O cidadão diz que fez as denuncias e cabe ao Prefeito Rogério Avelar e aos vereadores apurarem os fatos.

“Porém, os vereadores aqui não querem servir ao povo que os elegeu, ao que parece. Estão preocupados com seus próprios problemas, não se entendem, estão perdidos”.

“A gente vem à Câmara Municipal e depois assiste ao paredão do Big Brother, é a mesma coisa. Também na Câmara não há bom senso. Eles entram, rezam o Pai-Nosso e depois é um qubra-pau danado, acusação e baixaria em cima de nada. Lagoa Santa está parada, mas tem dinheiro em caixa. Estamos com obras licitadas e paradas, mas os vereadores só ficam discutindo coisas pequenas, não há projeto para o bem da cidade, nada de lei e fiscalização. É aquela troca de acusações entre eles próprios. Participei da coordenação de campanha política e sei que ninguém ali é santo. Movam-se vereadores, façam CPIs e apurem porque Lagoa Santa está uma vergonha,” completou Wanderson Lanna. A platéia vaiou os vereadores.

 De acordo com o Secretário Célio as denuncias não procedem e que “podem averiguar no estacionamento da faculdade se há algum registro deste veiculo seja no controle da portaria ou no sistema de câmeras instalado”, afirma o secretario. Ele ainda esclarece que na virada do ano estava à beira da Lagoa vendo os fogos com suas filhas e não nos responde se o carro usado era o dele ou o da prefeitura.

Uma série de irregularidades detectadas por uma auditoria contratada pela Prefeitura de Lagoa Santa e a constatação de improbidade administrativa pela Câmara Municipal estão paralisando obras de saneamento, pavimentação e urbanização em vários pontos da cidade.

A empresa sob suspeição, a Ral Engenharia Ltda, tem conseguido seguidas liminares na Justiça, impedindo novo processo licitatório, e as obras estão paradas há quase quatro meses, informou o prefeito Rogério César de Matos Avelar (PPS). Ontem, ele entregou vasto relatório ao presidente da Câmara, Carlos Moura Murta Filho, com indícios de desvio de dinheiro público e improbidade administrativa, além de obras superfaturadas e pagamento por trabalhos não realizados, atos que teriam sido cometidos pelo ex-prefeito, Antônio Carlos Fagundes, cassado em 13 de março do ano passado por abuso do poder econômico durante o processo eleitoral.

Segundo apurou a auditoria da Magnus Auditores e Consultores Associados e pela Comissão Especial designada pelo prefeito atual, entre outras irregularidades, o ex-prefeito gastou a mais R$ 2 milhões em 2005 e em dois meses e 13 dias de mandato no ano passado. Ele teria feito pagamento de R$ 1.938 milhão à construtora. Desse valor, consta o pagamento de uma obra à empreiteira, de R$ 1.544 milhão, cujas medições indicavam a realização de apenas R$ 15 mil. Seria o alargamento e pavimentação da Avenida Pinto Alves, que liga o Centro aos bairros Campinho e Vila Maria (continuidade da MG-010) em direção à Serra do Cipó.

Foram encontrados também vários depósitos de cheques da prefeitura nas contas do ex-prefeito e sua mulher. No fim do ano passado, baseado em investigações de uma Comissão Especial da Câmara, a Justiça já havia tornado indisponíveis os bens do prefeito, da sua mulher e da empresa Ral Engenharia Ltda.

O prefeito Rogério Avelar reconhece que obras com custos estimados pela antiga administração em R$ 400 mil, foram executadas pela metade do valor. São R$ 200 mil em convênios com o estado, que vencem em junho, e caso não estejam em execução, o dinheiro será devolvido. Rogério Avelar aguarda posição do Tribunal de Justiça para viabilizar as obras que se encontram paralisadas, entre elas a de saneamento e pavimentação do Bairro Lundicéia, que, segundo ele, resolveria boa parte dos problemas de assoreamento da lagoa. Há um ano, 3% dos domicílios de Lagoa Santa contavam com esgotamento sanitário. Hoje, segundo a prefeitura, já são 30%.

O mesmo relatório entregue à Câmara foi encaminhado ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado. O presidente do Legislativo municipal disse que os documentos serão encaminhados ao setor jurídico da Casa e, após emitido o parecer, será criada uma comissão especial, que também vai avaliar a situação e fará um relatório. Se o resultado apontar as irregularidades, poderá ser criada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

COMISSÕES

No ano passado, a Câmara investigou uma das denúncias, que passou pelas comissões de Legislação, Justiça e Redação, Finança e Orçamento e Tomada de Contas. Duas das comissões foram presididas pelo vereador Robertinho (PP). Foram constatadas irregularidades e os relatórios encaminhados ao Ministério Público: Até o momento não houve retorno , explica o vereador.