|
|
|
Crônicas
de Igor Corrêa |
Igor é advogado Tributarista formado na Faculdade de direito
Milton Campos. |
|
Quer
comentar? Clique, preencha o formulário
e envie sua opinião ou por e-mail: mailto:igorcorreaadv@gmail.com |

A César, o que é de Cesar
|
|
O
LABORATÓRIO DA HUMANIDADE
Há
algum tempo venho meditando sobre eventos da atualidade que me remetem
a gravosas reflexões sob o rumo que nosso país anda seguindo
e gostaria de compartilhar essas meditações, sem paixões
políticas partidárias. São apenas meditações.
Certa vez ouvi de um Ministro do STJ a explicação
do porque a história é tão importante nas ciências
humanas. Ele nos explicou que a história é o laboratório
das ciências humanas.
Não se podem reproduzir com exatidão as relações
humanas em um laboratório, todavia, a história nos fornece
as soluções para as diversas hipóteses que podem
ser estabelecidas e colocadas à prova nas ciências humanas.
A história é o laboratório da humanidade. Esse novo
enunciado iluminou uma grande escuridão que havia em meu intelecto
sobre as grandes questões e me deu a chave para tantas outras.
Feita essa breve introdução, passo ao assunto.
Em Roma, já nas primeiras décadas depois de Cristo, instituiu-se
uma eficaz forma de controlar as pressões populares, através
de uma política chamada de “Pão e Circo”,
na qual consistia em fornecer aos miseráveis, alimento gratuito
e diversão através das lutas entre gladiadores, corridas
de cavalos e outros entretenimentos.
Surgiu então um eficaz meio através do qual o governo esconde
seus erros, corrupção, incompetência, problemas como
saúde, saneamento e tudo que lhe pejorativo.
Naquela época, o cidadão carente dos serviços inerentes
do Estado Romano, sofrendo com os constantes incêndios, violência
urbana (Roma tinha 1.200.000 habitantes e todos os problemas de uma grande
capital), doenças e epidemias, além das guerras com os bárbaros
em várias frentes de batalha e uma aristocracia que insistia em
manter seus privilégios.
Os
aristocratas participavam de faustos banquetes, houve acúmulo de
terra nas mãos de poucos, êxodo rural para a capital, escravidão
e uma luta incessante pelo poder em Roma entre senadores e aristocratas.
Roma era um paiol prestes a explodir, todavia, a perícia e a inteligência
da aristocracia romana conseguiram controlar essa imensa massa insatisfeita,
com um pouco de pão e diversão gratuita, mantendo-se no
poder por quase cinco séculos, até a efetiva queda do império
Romano Ocidental, que inaugura a idade média.
A política estabelecida em Roma aleijou o provo, sob uma falsa
premissa de que o Estado estava cuidando dos seus pobres, lhes retirou
a dignidade do trabalho e do próprio sustento. Domesticou, como
quem domestica um animal, o cidadão romano, dando-lhe parcos alentos
e comida. Instituiu-se então o pior tipo de miséria que
existe, que é a miséria do espírito, que aliena e
aleija a vontade humana.
Podemos contar essa história de outra
forma, apenas substituindo pão, por Bolsa Família e o circo
pelo futebol, e ela se tornaria atual. Falta aquele passo a frente, aquela
decisão firme de romper com a velha história e com os antigos
vícios tão repetidos e repetidos, anos a anos, décadas
a décadas e séculos a séculos.
Amigo leitor! Devemos estar alguns passos na frente da história,
para combatermos a tirania e tudo aquilo que escraviza o homem, para tanto,
é imperativo que conheçamos a história da humanidade,
para não repetirmos os erros de outrora, pois a “historia
tem o estranho hábito de repetir a si mesma”. (Virgílio
Freire).
IGOR ANÍCIO
DE GODOY MENDES CORRÊA
|
|
O
Cálculo do ICMS e do IPI “Por Dentro”:
Uma Eficaz Forma de Enganar o Contribuinte. “Não
me impressiona o argumento da autoridade, mas, sim, a autoridade do argumento”.
A frase
acima parece ser de “para choque” de caminhão, mas
é mais um pensamento filosófico do iluminista René
Descartes.
Todos,
absolutamente todos, já se depararam com algum tipo de argumento
de autoridade. Ele é mais ou menos assim: “É porque
é”. “É porque eu estou falando que é”.
“É porque eu sei que é.”
Dentre
as infinitas formas que esse tipo de argumento pode-se manifestar, sempre
estará implícito o elemento subjetivo “eu” e
toda a arrogância, soberba e vaidade que o espírito humano
pode carregar.
Há uma sabedoria implícita no enunciado filosófico.
Isto porque, na verdade, o argumento de autoridade não é
um argumento, mas uma defesa agressiva contra a própria ignorância.
Com essa breve
reflexão, inicio novo tema dentro da série de crônicas
propostas por mim, denominada “A Cesar o que é de Cesar”.
Como
todo brasileiro emergente, andei por aí viajando para o exterior
e já conheci o Chile e a Argentina. Também como um bom brasileiro
em férias e, principalmente casado, tive várias experiências
comerciais nestes países, como consumidor final.
Ao receber a nota fiscal dos produtos que comprei nesses dois países,
verifiquei que havia o preço do produto, mais o IVA – Imposto
sobre o Valor Agregado - que é aquele imposto único do qual
falamos na crônica anterior.
Nas notas era possível discriminar o que era preço
e o que era tributo com tamanha facilidade que uma criança poderia
fazê-lo.
Mas por
que no Brasil não é assim tão fácil discriminar
os tributos incidentes sobre os produtos que adquirimos cotidianamente?
Vamos à
resposta: O ICMS é um tributo que se cobra “por dentro”.
Foi assim que me ensinaram. E isto é provavelmente o que ensinaram
ao meu professor e ao professor do meu professor.
Vejamos
na prática: Um produto que custa R$100,00 e que sofre uma alíquota
de ICMS de 18%. Portanto, ele custaria ao final R$118,00(cento e dezoito
reais). Certo? Errado, não é assim que se faz no Brasil.
Para calcular
um ICMS cuja alíquota seja 18%, deve-se dividir o valor do produto
tributado por 0,82%, para se obter o preço final, com o ICMS “por
dentro”. O resultado será R$121,95.
Essa expressão
que nada diz - “por dentro” - é a justificativa para
que o ICMS seja calculado desta forma esquisita e, claro, gerando maior
imposto.
Então
eu perguntava nas minhas aulas: - Professor, mas por que é assim?
E ouvia sempre a mesma resposta. É porque o ICMS é “por
dentro”. Parecia-me algo fálico esse “por dentro”
e com ele eu nunca me acostumei. Muitos dos meus colegas, a maioria absoluta,
se dava por satisfeito, talvez com vergonha de exigirem mais explicações.
Entretanto,
sempre ouvia a mesma resposta e até alguma censura por causa da
minha insistência em saber o por que de se incluir no preço
do produto, de forma escamoteada o tributo incidente, para depois ser
ele destacado e recolhido aos cofres.
O mais lógico
seria a de que ele já transcorresse desde a indústria destacado.
Seria melhor para todos, para o fisco, porque facilita a fiscalização
e para o contribuinte, porque facilita o recolhimento.
Dizem que
o conhecimento liberta e liberta mesmo. Li um enunciado científico
que diz o seguinte: “quando há várias explicações
para um mesmo fenômeno, a mais simples tende a ser a mais correta”.
Pois bem,
a explicação mais simples que encontrei depois de refletir
muito sobre o assunto é de que o objetivo de se calcular o ICMS
desta foram - por dentro- é esconder do contribuinte a nossa carga
tributária, além de fazer o tributo incidir sobre ele mesmo.
Enquanto
nossos vizinhos cobram o tributo às claras, possibilitando que
até uma criança possa averiguar a carga tributária
incidente sobre o produto adquirido, no Brasil ele é escondido,
como se fosse clandestino. É esse, portanto, o único motivo
que encontrei para essa cobrança “por dentro’ do ICMS,
porquanto não há na literatura sobre a qual já me
debrucei, que de forma convincente me desse outro argumento, salvo o que
sempre ouvi: - É, por que é. É o argumento de autoridade
contra a autoridade do argumento.
Ano após
anos formam-se contadores, advogados, administradores e esse argumento
– “por dentro” - sai vitorioso, porque nós brasileiros
nos contentamos com o argumento de autoridade.
Na última
crônica expliquei como todo tributo de consumo repercute na
cadeia de produção e chega ao consumidor final, não
importa se ele incida na indústria, no comércio ou diretamente
ao consumidor final.
Sempre
será o consumidor, portanto, o cidadão brasileiro, quem
pagará os tributos de consumo e quem paga, tem direito de saber
o que, o por que e o quanto pagou. Somente assim o cidadão poderá
verdadeiramente perceber o sistema tributário no qual está
inserido e que de fato, até o mais pobre, que recebe bolsa família,
também é contribuinte de tributos e detentor não
somente de obrigações, mas de direitos contra o Estado,
porque paga por eles.
Nós
ouvimos com deferência e acatamento o que nossas autoridades instituídas
nos dizem e ruborizamos quando questionamos estas mesmas autoridades.
Todos nós sabemos que sofremos uma carga tributária elevadíssima,
mas não sabemos o quanto sofremos e esse sistema, aliado à
nossa alienação sobre o direito, faz com que a forma de
cálculo do ICMS e do IPI seja um eficaz meio de promover a ignorância
sobre o quanto pagamos de tributo.
A miséria que devemos combater não se resume somente
à fome, mas à miséria que nos aliena e nos impede
o exercício da cidadania e do direito, esta miséria enfraquece
o espírito.
Igor Anício
de Godoy Mendes Corrêa
março de 2012 |
|
A César, o que é de Cesar
|
|
Capitulo
I - O Imposto Único versus Tributos de Consumo.
“O bom senso é a coisa do mundo melhor partilhada, pois cada
qual pensa estar tão bem provido dele, que mesmo os que são
mais difíceis de contentar em qualquer outra coisa não costumam
desejar tê-lo mais do que o têm. E não é verossímil
que todos se enganem a tal respeito; mas isso antes testemunha que o poder
de bem julgar e distinguir o verdadeiro do falso, que é propriamente
o que se denomina o bom senso ou a razão, é naturalmente igual
em todos os homens; e, destarte, que a diversidade de nossas opiniões
não provém do fato de serem uns mais racionais do que outros,
mas somente de conduzirmos nossos pensamentos por vias diversas e não
considerarmos as mesmas coisas. Pois não é suficiente ter
o espírito bom, o principal é aplicá-lo bem. As maiores
almas são capazes dos maiores vícios, tanto quanto das maiores
virtudes, e os que só andam muito lentamente podem avançar
muito mais, se seguirem sempre o caminho reto, do que aqueles que correm
e dele se distanciam”. Descartes, René, O Discurso do Método.
Procurando um gancho para enfim iniciar esta crônica,
me lembrei das minhas pacatas aulas de Filosofia, com o professor Jésus,
e logo veio à memória um material que ele nos deu para estudo,
o “Discurso do Método” do filósofo René
Descartes. Ele nos é extremamente útil, porque este
capítulo propõe, em última instância, o bom senso.
As pessoas são iguais, mas não tão iguais assim. Cada
uma tem uma atividade econômica, uns recebem salário, outros
rendas imobiliárias, outros pensão, vencimentos, subsídios,
uns são comerciantes, outros fazendeiros outros industriais, prestam
serviços e etc.
Todo
tributo é precedido de um fato que faz nascer a obrigação
tributária, comumente chamado de fato gerador. Alguém
pratica um ato jurídico erigido à condição de
fato gerador e o tributo passa a ser devido. São vários os
fatos geradores, alguns são pessoais (renda), outros são incidentes
sobre o patrimônio (IPTU, ITBI, IPVA, ITR) e outros sobre atividades
econômicas (IPI, ICMS, ISSQN, PIS COFINS).
Enganam-se aqueles que pensam que o Imposto único é o somatório
de todos os tributos que pagamos, num só. O imposto único
é a consolidação dos impostos incidentes sobre o consumo,
este entendido como o resultado final da cadeia de produção
de bens e serviços.
A cadeia de produção vai desde os produtos agrícolas,
extrativismo, industrialização, manufatura, comércio
e serviços, até o consumidor final.
Cada atividade recebe a carga de tributaria e repassa para o próximo,
até o consumidor final, compensado o imposto pago. A essa característica
de repercussão do tributo ao longo da cadeia produtiva, dá-se
o nome de não comulatividade. Ocorre no ICMS, no IPI e alguns casos
PIS e COFINS.
Vamos imaginar um produto tipicamente mineiro.
A fazenda
tira o leite e vende para empresa de laticínios (ICMS, PIS COFINS),
que faz o queijo, embala (IPI) e vende para o distribuidor do CEASA (ICMS
PIS COFINS); O produto é transportado (ICMS, PIS ,COFINS) para o
CEASA, que ao chegar é vendido ao dono padaria, (ICMS, PIS, COFINS),
que leva consigo o produto (ICMS, PIS, COFINS) para Belo Horizonte e coloca
no seu freezer recentemente consertado pelo técnico (ISSQN, PIS,
COFINS) e, finalmente, o consumidor final compra o produto.
O consumidor final compra o produto já carregado de todos os tributos
incidentes da cadeia de produção. Alguns poderão ser
compensados entre os participantes desta cadeia, outros não.
O imposto
único consolidaria todos esses tributos, lançados na cadeia
de produção sob um único título, o IVA –
Imposto sobre o Valor Agregado. Eis então o Imposto único.
Ainda haveria outros tributos como, por exemplo, o IPTU, IPVA, Imposto
de Renda, contribuições sociais, taxas.
Há uma peculiaridade sobre esses tributos incidentes na
cadeia de produção, que é talvez um dos maiores gargalos
do crescimento econômico do Brasil.
No mundo todo, tributa-se o consumo, como resultado final da cadeia produtiva,
isso significa que, enquanto essa cadeia não chega ao seu final,
que é o consumidor final, os produtos e serviços circulam
neutros, não sofrem tributação.
Somente o consumidor final é quem de fato paga o tributo.
Nessas horas todos pensam que isso é ruim, mas não é.
Todo tributo naturalmente repercute para o consumidor final, pois integra
os custos de produção. Na forma como são cobrados
os tributos, eles também são suportados, ao final, pelo
contribuinte, nós apenas não observamos, porque eles estão
todos embutidos no preço final. E o que é pior, a compensação
que se permite entre os participantes é ineficaz, deixa resíduo
e onera repetidamente o custo de produção.
O IVA não somente simplifica como também nos dá a
medida dos tributos incidentes e asseguram a neutralidade da cadeia produtiva.
São esses três benefícios que podem ser destacados.
Simplifica, porque o atual sistema é complexo e burocratizado.
Gera conflito entre Estados e Municípios. Encarece o custo de produção,
além de sujeitar o contribuinte a erros e favorecer sonegadores.
Dá
a medida dos tributos incidentes. Nos capítulos que se seguirão
falaremos sobre os subterfúgios do Estado para mascarar a carga
tributária. Mas o IVA é o primeiro grande passo, porque
simplifica e facilita o destaque dos tributos pelo próprio contribuinte,
que então começa a ter consciência do quanto paga.
Assegurar a neutralidade dos tributos de consumo: São as indústrias,
o comércio, as microempresas e as atividades produtivas em geral
que desenvolvem o país. O desemprego está atualmente baixo,
não pelos provimentos em cargos públicos, mas pelo desenvolvimento
econômico da atividade privada.
Tributar diretamente a atividade produtiva é retirar dos
produtores condições de produção, contratação
de emprego e conseqüentemente distribuição de renda.
A neutralidade é um princípio salutar e deve ser guardada
debaixo de sete chaves, num mundo que é globalizado e competitivo.
O imposto único é então, uma organização
melhor dos tributos de consumo, uma racionalização da forma
de tributar a produção nacional. É o bom senso na
forma de tributar, porque desonera o setor produtivo, sem abrir mão
de receita.
Vamos
propor o seguinte raciocínio: A indústria considera
para formar o preço do seu produto, a mão de obra, encargos
trabalhistas e, porque não, os tributos, além da sua margem
de lucro. Então, no processo de formação dos preços,
todos os custos integram o valor do produtor, inclusive o tributário.
Esses custos serão repassados ao atacadista e depois para o varejista,
que também incluirão os seus respectivos custos. É
um processo natural e inevitável.
Portanto, de qualquer forma o preço final trará toda a carga
tributária. O IVA não somente consolida os tributos, como
também propicia que incidam uma única vez na cadeia produtiva,
que deverá ser no consumo final, desonerando toda produção.
Capitalizam-se as empresas sem que se gaste um real de dinheiro público,
ou com financiamentos, cujos juros, sabe-se, não são baratos
no Brasil. Apenas, unificando e deslocando-se o momento de incidência
dos tributos, para o momento do consumo final, como naturalmente iria
acontecer.
A
racionalização da tributação no país
é questão urgente. Se o pagamento de tributos é
um mal necessário, as regras devem ser claras e respeitarem uma
razão, para que não se tornem perniciosas e impeditivas
do crescimento. Para reduzir a carga tributária, deve haver organização
deste cipoal de tributos, cada qual incidindo sobre regras e regulamentos
que podem ser multiplicados pelos números de municípios
e os Estados-Membros da Federação.
O IVA é
um bom caminho, para desfiar esse novelo, mas encontra a resistência
dos Estados-Membros e dos Municípios, que temem perder receitas.
Não perderão, porque como demonstrado, a carga tributária
será a mesma, apenas deslocada para o final da cadeia produtiva.
O
que há para ser resolvido é a repartição dessa
receita tributária arrecadada uma única vez, entre Estados
produtores e consumidores e entre União Estados e Municípios.
É o velho problema da guerra fiscal entre os entes da federação.
São Paulo como maior produtor de bens e serviços do Brasil,
teme que sua receita seja distribuída para outros Estados, que
têm maior vocação de consumo. Penso que esse problema
se resolve criando coeficientes de distribuição da arrecadação,
conforme critérios que levam em conta a produção
de cada Estado, é uma questão de política que pressupõe
vontade e bom senso.
Enquanto
isso, nós comemoramos a histórica marca de R$700.000.000.000,00
(setecentos bilhões) arrecadados no mês junho de 2011, um
“record” nacional. Viva!
Igor Corrêa
advogado
Tributarista formado na Faculdade de direito Milton Campos.
igorcorrea@veloxmail.com.br
|
|
A
CÉSAR, O QUE É DE CÉSAR “Dai
a Cesar, o que é de César e a Deus, o que é do reino
dos céus”, foi com essa brilhante resposta que o
principal protagonista bíblico se livrou de uma capciosa pergunta
formulada para provocar a ira dos Romanos contra Jesus. Naquele tempo,
Jerusalém estava sob o “protetorado” dos Romanos e
todos os judeus deviam tributos a Roma.
Essa
frase bíblica foi por nós escolhida para intitular uma série
de edições que terão o objetivo elucidar questões
importantes sobre sistema tributário brasileiro e sua premente
necessidade de reforma.
É quase unânime entre os brasileiros a idéia de que
nosso sistema tributário necessita de reforma, mas poucos sabem
os detalhes, onde estão os absurdos, quais serão ou poderiam
ser as reformas e, principalmente, qual é a reforma que o governo
pretende e qual é a reforma que nós cidadãos almejamos.
O governo é amparado por uma estrutura privilegiada de
economistas, juristas e especialistas, mas em se tratando de reforma tributária,
o Poder Executivo, principal gastador do dinheiro público, está
do outro lado do “cabo de guerra”.
A
sociedade organizada não pode aguardar uma reforma tributária
que lhe seja benéfica, se ela vier daquele que recebe
e gasta o dinheiro arrecadado com os inúmeros e incontáveis
tributos. Historicamente, um governo não abre mão voluntariamente
de tributos. Basta olharmos o exemplo do Imposto de Renda Pessoa Física,
que foi criado na Inglaterra, durante a Segunda Grande Guerra, para custear
os esforços militares, como imposto provisório. De provisório,
passou então a ser universal. Ou mesmo na era Medieval. Felipe,
o Belo, rei da França, no século XIV, juntamente com outras
nações cristãs, criou inúmeros tributos para
custear uma fictícia cruzada, a nona ou décima talvez, para
tentar a retomada de Jerusalém, cruzada essa que nunca ocorreu.
Qualquer semelhança com a CPMF, não é mera coincidência.
Historicamente os governos usam de apelos públicos, para justificar
uma maior tributação.
Portanto,
deixar o governo encabeçar unicamente a reforma tributária,
é como deixar a raposa tomar conta do galinheiro. É imprescindível
que nós cidadãos, qualifiquemos nossas opiniões e
nos posicionemos frente a esse desafio que afeta a todos, porque tudo
que tem apreciação econômica é atingido de
uma forma ou de outra, pela tributação.
Podemos esperar os apelos do governo pelos “pobres e miseráveis”,
pela necessidade de manutenção dos programas sociais e pelos
serviços públicos gratuitos, colocando brasileiros contra
brasileiros (ricos contra pobres), numa retórica que apenas tem
o condão de alienar a opinião pública.
A verdade
é que a nossa estrutura tributária é feita para alienar
o contribuinte, mistificando os tributos como se fossem algo que somente
alguns podem ou têm condição de entender, deixando
nas mãos dos nossos governantes, cada dia mais volumosos recursos.
E
esse nosso breve esforço é para tentarmos colocar uma pequena
luz sobre a escuridão que é o conhecimento comum
sobre as questões que envolvem os tributos, sempre com o enfoque
final, de como essas questões atingem o mais simples trabalhador
brasileiro.
Então
proponho os seguintes temas que debateremos nas próximas edições:
O Imposto Único versus Tributos de Consumo. O cálculo do
ICMS e IPI “por dentro”, Uma Eficaz Forma de Enganar o Contribuinte.
A Substituição e a Antecipação Tributária:
Um Assalto ao Capital de Giro das Empresas. E para o final, um capítulo
dedicado ao ICMS cobrado na energia elétrica e a nossa principal
Estatal mineira, a CEMIG.
Como
dissemos a história dos Estados do mundo todo, nos mostra que o
poder público, em matéria de tributos, não está
do lado do cidadão. E a história tem o péssimo hábito
de repetir a si mesma.
Igor Corrêa
advogado Tributarista
formado na Faculdade de direito Milton Campos. igorcorrea@veloxmail.com.br
|
|
O
PECADO ORIGINAL
Todos de alguma forma já ouviram falar nos sete pecados capitais.
São eles: Soberba, Luxúria, inveja, avareza, preguiça,
ira e gula. Certamente também já ouviram falar do pecado
original, aquele que Adão e Eva cometeram ao comerem o fruto da
árvore do conhecimento do bem e do mal.
Qual é o pecado original, o primeiro, aquele mais íntimo
e pessoal, que gerou toda a maldade do mundo?
Incomoda-me muito a vaidade. Então vamos admitir uma falsa premissa,
para que este texto se desenvolva e alcance o seu objetivo - que eu tenho
autoridade acadêmica, filosófica, eclesiátca, para
discorrer sobre o assunto, em bom português, que realmente saiba
do que eu estou falando.
A vaidade tem uma premissa: Eu. O vaidoso se ama acima
de tudo e defende o seu amor próprio perante outros, dando provas
de que é melhor em tudo e que todos.
Não se trata da vaidade estética, embora essa possa ser
uma das suas facetas. Mas a vaidade de que falamos é aquela que
está arraigada no espírito, que passa a governar intima
e silentemente, todos os atos e decisões que essa pessoa possa
tomar.
O pecado original é senão a própria vaidade.
Adão ao comer o fruto do conhecimento, rogou-se na condição
de Deus, foi orgulhoso, foi soberbo. Mas assim agiu, porque se colocou
a frente das outras coisas e a frente de Deus.
Mas porque discorrer sobre a vaidade? Pior, utilizando
o Gênesis? Há uma sabedoria no texto bíblico. A vaidade
é o pecado original ao qual estamos condenados a repetir por milhares
de anos, até os dias atuais. E esse pecado original é o
motivo das grandes atrocidades da humanidade e das pequenas também.
O rico corrupto, que sempre quer mais. O ditador que depois de décadas
no poder, ainda insiste e se manter autoridade máxima. A autoridade,
aquela pessoa que “você não sabe com quem está
falando”, o Doutor, Comendador, a Excelência.
Reduzindo todos os demais pecados, chega-se à vaidade, porque a
vaidade é o exercício anormal do eu. Pode reparar, todo
vaidoso usa exageradamente o pronome pessoal singular da primeira pessoa.
A avareza, a luxúria, a soberba, a gula e a preguiça
são subprodutos da vaidade, da sobreposição do ego
sobre todas as outras coisas, sobre todas as pessoas, é o “eu”
acima de tudo.
Está dentro de nós, porque todos nós temos um ego
e esse ego é potencialmente perigoso. Alimenta-se de títulos
profissionais e acadêmicos, de deferências sociais, da ignorância
alheia, da capacidade financeira e, sobretudo, da certeza de que somos
melhores que os outros.
A serpente que tentou Adão e Eva, primeiro alimentou o ego dos
dois primeiros habitantes do mundo: “e sereis como Deus, sabendo
o bem e o mal”.
Antônimo de vaidade é a humildade. Mas até
essa virtude pode ser corrompida pela vaidade, porque existe aquele de
finge ser humilde. É o caso do político, que em época
de eleição anda a pé na rua, vai ao mercado, toca
café preto e come um pastel. Volta só na próxima
eleição.
O que acontece com essas pessoas, depois que morrem, eu não
sei dizer. Mas enquanto vivas, acho que são infelizes,
porque o mundo tem 6,5 bilhões de pessoas, e se achar melhor do
que esse tanto de gente deve ser fatigante. Mas acho que o pior é
quando esse indivíduo se descobre um mero mortal, sujeito a morrer
da mesma forma que os seres mais inferiores da terra. Aí
a casa cai. Deve ser um duro golpe, porque todo o alicerce da vida deste
pobre coitado cai, muitas vezes com a platéia de outros iguais
a ele e que um dia também terão o seu dia de realidade.
|
Vejam
as materias de quem escreve para esta página:
-Cronicas de Maria marilda - Historia de L. Santa ao pé do ouvido
- Cronicas
de Tatyana Ferreira Sales - DICAS PARA COMER BEM
-Textos
de Stefano Rodrigues
"Alguns Segundos, nada mais"
-Cronicas
de Priscila
Trindade.
Fonoaudiologia
-Texto
de Dr. Valdir Campos -
ALCOLISMO INFORMATIVO
EDUCATIVO
-O
escritor José Utsch de Lima, "DEVANEIOS", seu quinto
livro
-Coluna
da Erika Bányai.
-Opinião
do Bozó |
www.lagoasanta.com.br
- revista vistual da cidade |