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fonte: Jornal Estado de Minas de 04 de setembro 2005 |
São várias as perguntas sem respostas, desde os primeiros achados, no
final do século XIX, por Peter Lund, na região de Lagoa Santa.
Entretanto, os estudos científicos têm mostrado que Minas Gerais é um
celeiro de relíquias da pré-história. Prova disso são as pesquisas que o
Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos da USP vem desenvolvendo há
cinco anos, na região de Lagoa Santa, que já sinalizaram que a
colonização das Américas foi bem mais complexa do que se acreditava. Foi
com o crânio de “Luzia” que o professor, bioantropólogo e coordenador do
LEEH/USP, Walter Neves, comparou dados de Lagoa Santa com o resto do
mundo e lançou a teoria, na década de 90, de que a América teria sido
ocupada por outro povo, mais similar ao africano e aos aborígines da
Austrália, e não ao asiático, como se afirmava. Para corroborar as teses sobre ‘Luzia’ e reafirmar a grande relevância da região cárstica de Lagoa Santa para a arqueologia e paleontologia brasileira, estiveram na semana passada em Matozinhos dois pesquisadores americanos convidados pela USP. James Feathers, arqueólogo da Universidade de Washington, trabalha com a termoluminescência, mais novo metódo que usa radiação para datar, com refinamento, as peças fósseis, sejam elas de animais, humanos ou vegetais; e William Farrand, geoarqueólogo e diretor emérito do Museu de História Natural da Universidade de Michigan, um dos experts mundiais em achados pré-históricos. “É minha primeira visita à América do Sul e estou encantado com Minas. Na arqueologia, tudo é questionável e há controvérsias sobre as primeiras ocupações da América. Posso vir a colaborar com o projeto e analisar, juntamente com os demais pesquisadores, se os ossos que foram encontrados nessa região foram enterrados ou se seu sepultamento foi natural, por exemplo”, comenta Farrand. DATAÇÃO Para entender e complementar o quadro paleoecológico (como era a fauna e flora na região), a equipe da USP escava na Gruta Cuvieri, zona rural de Matozinhos, fazendo rígido controle das camadas de sedimentos onde estão os vestígios e fósseis. Segundo explica Luis Piló, pesquisador no projeto, os resultados, associados às datações, refinarão o conhecimento sobre os animais que habitaram a região. “Só assim será possível afirmar que o homem e os bichos da chamada megafauna (preguiça-gigante, tigre-dente-de-sabre e tartaruga-gigante), que teriam vivido aqui entre 10 mil e mais de 300 mil anos atrás, conviveram realmente na mesma época”, explica Piló. Para datar um fóssil paleontológico ou arqueológico, o fragmento é enviado para um laboratório em Miami (EUA), onde é usado o método com carbono 14, que extrai proteína desse material e calcula, por radiometria, a idade média dos elementos químicos. De acordo com o geólogo e professor da UFMG Ricardo Diniz da Costa, são as condições climáticas e não as geológicas as responsáveis pela preservação de fósseis ou achados arqueológicos. No caso dos fósseis é necessária a preservação dos restos ou vestígios, o que significa, usualmente, um ambiente pobre em oxigênio (por exemplo, um lago). “Pains, no Centro-Oeste, e Lagoa Santa apresentam ambientes que auxiliam na conservação, como grutas e cavernas. Essas duas áreas têm em comum o relevo carste, caracterizado pela dissolução das rochas, na maioria das vezes calcárias, que podem gerar sumidouros, cavernas, grutas e várias outras feições”, explica. "É minha primeira visita à América do Sul e estou encantado com Minas. Posso vir a colaborar com o projeto" William Farrand, geoarqueólogo e diretor emérito do Museu de História Natural da Universidade de Michigan |
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