Prefeito e PM brigam em festa

Cristina Horta/EM
"Os policiais jogaram spray de pimenta nos meus olhos, me algemaram e bateram nas minhas costas com cassetete" - Ademar José da Silva, prefeito de Vespasiano

Acabou em tumulto o encerramento do desfile do Boi-da-Manta, tradicional festa pré-carnavalesca de Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, realizado no terminal rodoviário, no Bairro Caieiras. A folia – que começou em 16 de janeiro, terminou à 0h de ontem com a prisão do prefeito da cidade, Ademar José da Silva (PSDB), e de um funcionário da prefeitura, dois policiais militares feridos e um corre-corre do público de cerca de 10 mil pessoas.

A confusão teve início quando os militares que faziam a segurança do evento pediram à organização da festa que desligassem o som, conforme determinava o alvará do evento. O prefeito queria que a banda tocasse mais duas músicas. Como as autoridades não chegaram a um acordo, o clima ficou tenso. Ademar José da Silva explica que, como o evento estava com um bom público ainda à meia-noite, duas músicas seriam o suficiente para que as pessoas dispersassem com calma. “As saideiras não iam durar mais que seis minutos. Os policiais não aceitaram, jogaram spray de pimenta nos meus olhos, me algemaram, bateram nas minhas costas com cassetete e me levaram para a delegacia da cidade. Não faz parte do trabalho da PM desligar som”, afirma.

 
Paulo Filgueiras/EM - 31/12/07
"O prefeito chutou a boca de um soldado, que levou três pontos internos, três externos e teve três dentes quebrados" - Capitão Gedir Rocha, chefe da assessoria de imprensa da PM
De acordo com ele, a ação dos militares foi um abuso de autoridade. “Se fizeram isso com um prefeito, imagine o que fariam com um cidadão comum”, questiona. A Polícia Militar afirma que no último dia 25 foi feita uma reunião com representantes da corporação, da prefeitura, do Corpo de Bombeiros e do Ministério Público, na qual ficou acertado que o evento seria das 20h à zero hora. Segundo o chefe da assessoria de imprensa da PM, capitão Gedir Rocha, nenhuma ocorrência tinha sido registrada até o incidente com o prefeito. “A PM tinha que fazer cumprir a lei. O término do Boi-da-Manta estava previsto em alvará. Foi quando o prefeito assumiu o microfone, criticou os militares e incitou a população a vaiar os policiais. Nisso, algumas pessoas começaram a atirar garrafas e pedras nos policiais”, informa o oficial.

A corporação garante que os militares só fizeram uso de força moderada para conter a confusão. “O prefeito chutou a boca de um soldado, que levou três pontos internos, três externos e teve três dentes quebrados. Outro teve um corte no braço. Ele foi preso por agressão, desobediência e desacato”, frisa o capitão Gedir.

O prefeito Ademar da Silva, que só foi liberado na manhã de ontem, ressalta que fará exame de corpo delito. O chefe do Executivo de Vespasiano declara que seus advogados tomarão todas as providências judiciais cabíveis para provar que ele foi vítima de militares que abusaram do poder.

Daniela Galvão
fonte: Jornal Estado de Minas - 03/02/2008
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