O que é cidadania
18-Mar-2002
Segundo o Aurélio, cidadão é aquele
indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho
de seus deveres para com este. Habitante da cidade. Indivíduo, homem,
sujeito.
Do ponto de vista da filosofia, o objetivo desta página é
alcançarmos algo muito além da mera descrição do Aurélio. No nosso entendimento
ser cidadão é ser chamado às responsabilidades para lutar pela a defesa da vida
com qualidade, do ambiente em que vivemos e do bem-estar geral.
O que é
ética
Segundo o
Aurélio é o estudo dos juízos de
apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de
vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo
absoluto.
É diferente, portanto, de moral, que é o conjunto de regras de
conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou
lugar, quer para grupo ou pessoa determinada. Pode ser ainda o conjunto das
nossas faculdades morais; brio, vergonha, que tem bons costumes. E de uma outra
forma, relativo ao domínio espiritual (em oposição a físico ou material).
Definido então o que é ser cidadão, ser ético e ter moral, vamos fazer abordagens de conduta da socidade para que você avalie. A nossa intenção é fazer você pensar, com ajuda da filosofia, e interagir no seu ambiente de trabalho, com os seus amigos e em sua casa, para que o mundo seja melhor.
Tipos de manifestações
A política
Segundo o Aurélio, a política é definida sobre vários aspectos:
Bem, o Aurélio não aborda os aspectos da política sob o ponto de vista de um aglomerado humano organizado. Cada empresa tem a sua "política" de condução dos negócios, recrutamento de pessoal, pagamento a fornecedores etc. Cada time de futebol tem a sua política na contratação de jogador e incentivos a cada vitória. Um síndico de um prédio de apartamentos tem a sua política de gestão. Uma vez formado um aglomerado humano organizado, há uma prática do exercício do poder para ser levada a um objetivo. Nesse sentido, uma política então é estabelecida.
Mas aqui vamos tratar da política sob o ponto de vista tão somente do cidadão perante o Estado. Entendendo um pouco de política, o cidadão comum pode encontrar o caminho do bem-estar para si, sua família e para a comunidade em que está inserido.
Vamos começar relatando um caso típico de falta de sintonia com a política que assalta o cidadão em época de eleição.
Hermenegildo
assiste ao "Jornal Nacional" junto com a sua esposa Linxonfrênia. Os filhos já
estão crescidos e nessa hora estão na casa de amigos, provavelmente plugados na
Internet ou se divertindo de uma outra maneira. Os dois esperam ansiosamente
para ver o último capítulo da novela que vem logo a seguir. Às 20h30 o jornal
termina.
- Oba, vai começar a novela -comenta Hermenegildo.
Mas a decepção
vem imediatamente:
-"Interrompemos a nossa programação para transmitir o
horário eleitoral gratuito, conforme determinação do Ministério da Justiça. Logo
a seguir voltaremos com a nossa programação normal" - termina o locutor da TV e
começa o desfile de candidatos de diversos partidos
políticos.
Linxonfrênia vocifera:
- Ah,
não! Até quando teremos que aturar essa chatice?
Os dois começam a dialogar
referindo-se à aparição das mesmas caras de sempre, que farão de novo as mesmas
promessas.
Hermenegildo desliga a TV e descobre que é tempo de um namorico com a esposa. Novela que é bom mesmo, só mais tarde!
Participar é preciso
Periodicamente a sociedade é chamada para exercer o seu direito (mais do que um dever cívico) de escolha de candidatos a cargo eletivo. E esse direito deve ser exercido através da participação, da integração do processo da disputa, que é legítimo em uma democracia. O cidadão que fica à margem do processo está contribuindo para a formação de regimes de exceção (ditaduras) ou injustiças sociais.
O cargo eletivo -vereador, prefeito, deputado, governador, senador e presidente da República- é uma responsabilidade dupla: de quem elege e do eleito. Um mal vereador ou um mal governador reflete no bem-estar de cada um dos cidadãos. Então, é preciso participar ativamente do processo de escolha dos candidatos.
Todo o processo de escolha de um candidato a cargo
eletivo começa dentro de um partido político. Saber a doutrina de um partido
pode ser um indicativo se o candidato por aquela
instituição vai
representá-la bem. Dizemos "pode ser" porque na maioria das vezes o candidato ou
representante eleito age politicamente à margem da doutrina partidária, de
acordo com os seus interesses pessoais. Uma forma de diminuir ou eliminar a
eleição de candidatos sem uma postura ética adequada é participar como membro de
um partido político e ajudar na escolha certa de seu representante.
O
membro de um partido que reunir provas que indiquem uma conduta inadequada de um
pré-candidato pode contribuir para impugnar a sua candidatura.
O poder, esse fascínio
Grupos se formam, vontades se estabelecem e os conflitos de interesses são sempre inevitáveis. Na luta entre diferentes desejos, sempre aparece um indivíduo querendo impor ao outro (ou aos outros) a sua vontade. Quem vence o conflito normalmente é aquele que tem "o jogo de cintura", mas pode ser o mais forte, o mais inteligente, o mais jovem ou o que tem mais dinheiro.
Poder é a capacidade de transformar as vontades
coletivas na sua própria vontade, que se dá através de um ato ou ação. O grande
político, aquele que é bem-sucedido nas suas "vontades", aplica a teoria de
Etienne de La Boétie, um filósofo do século XVI. Do alto
de sua soberba o
que sustenta o poder do tirano não é a sua própria autoridade, mas é a
cumplicidade direta dos dominados. Segundo o filósofo, em torno do tirano sempre
constrói-se uma rede de interesses.
Queres o poder absoluto? Arregimentes 10 colaboradores diretos de sua inteira confiança. Cada um deles deverá arregimentar mais de 60 colaboradores. E cada um desses 60 colaboradores deve arregimentar mais colaboradores. E assim a sociedade fica envolvida na rede de interesses. O tirano então forma a sua rede de micropoderes e interesses que se constrói a sua volta. É a sua garantia de manutenção no poder. Hoje a tirania está dentro das empresas, com oferta escassa de empregos e a competitividade desenfreada.
Mas se os indivíduos se tornam cidadãos, se recusam a servir, conscientizam-se para solucionar os problemas políticos, acaba o poder do tirano e podem constituir uma nova forma de relação social.
Democracia, essa desconhecida
Segundo o Aurélio, democracia é o governo do povo; soberania popular. Doutrina ou regime político baseado nos princípios da soberania popular e da distribuição eqüitativa do poder, ou seja, regime de governo que se caracteriza, em essência, pela liberdade do ato eleitoral, pela divisão dos poderes e pelo controle da autoridade, dos poderes de decisão e de execução.
Mas a idéia mesmo de democracia é a seguinte:
A ação democrática consiste em
todos tomarem parte do processo decisório sobre aquilo que terá conseqüência na
vida de toda a coletividade. É preciso que todos que tenham interesse no
processo democrático que se mantenham ativos
e vigilantes, acompanhando os
trabalhos daqueles que elegeram.
Cidadania & Ética