Os episódios provocados pelo PCC levaram
políticos a simplificar a explicação das causas da
violência e do crime organizado --e, como não poderia
ser diferente, as providências sugeridas também vieram
simplificadas.
São múltiplas causas e, dependendo do caso, algumas
delas têm maior ou menor peso, assim como os
enfrentamentos exigem vários tipos de ações. Uma dessas
ações, que ninguém está comentando, é o planejamento
familiar.
Reduzir o número de filhos por adolescentes ou
adolescentes pobres não é, claro, um eixo central de
prevenção contra a marginalidade. Mas se nascerem menos
crianças indesejadas pelos pais em famílias
desajustadas, menor a quantidade de seres rejeitados,
ressentidos e agressivos. Não há dúvida de que violência
e negligência domésticas produzem seres com tendência à
marginalidade.
Não deve ser pouca gente que se encontra nesse risco,
considerando que cerca de 900 mil adolescentes têm filho
anualmente; a imensa maioria dessas mães são pobres, com
baixa escolaridade e terão, com a maternidade. ainda
mais dificuldades de boa colocação no mercado de
trabalho.
Educar os jovens para a responsabilidade da paternidade
e maternidade (e ajudá-los a tomar precauções) é uma
entre as dezenas de medidas que reduziriam o risco de
delinqüência.
Gilberto Dimenstein,
48, é membro do Conselho Editorial da Folha
e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz.
Coordena o site de
jornalismo comunitário da Folha.
Escreve para a Folha Online às
terças-feiras.